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Abordagens programáticas da MSC

Movimentos Sociais

Apoio e fomento a processos de mudança social

Introdução

O que são movimentos sociais e por que são importantes?

Movimentos sociais são esforços conjuntos de cidadãos, grupos e comunidades unidos por objetivos semelhantes que se organizam para agir e superar sua condição, enfrentar juntos problemas sociais ou resistir à dominação. Os movimentos sociais representam os momentos mais intensos e visíveis em um processo contínuo de mudança social: o ritmo acelera e a escala aumenta à medida que o grupo inicial gera mais debates e reúne mais pessoas, em um efeito bola de neve alimentado por ativismo, diálogo, networking, mobilização, engajamento de mídia e ação.

Os movimentos sociais são o núcleo da mudança social. Esforços históricos famosos incluem o movimento pelos direitos civis dos EUA, o movimento pelo sufrágio feminino, o movimento contra o apartheid, os movimentos pelos direitos dos gays e movimentos LGBTQ mais amplos, os movimentos de descolonização, a Primavera Árabe, Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), Global Citizen(Cidadão Global) e o movimento MeToo (Eu também). Além desses processos globais e nacionais, movimentos subnacionais e locais se formam e evoluem constantemente.

Na indústria da cooperação, o envolvimento comunitário é frequentemente concebido como um esforço deliberado que se origina dos detentores de deveres. Muitas vezes, está relacionado a iniciativas específicas implementadas e lideradas por organizações de desenvolvimento e órgãos públicos de governança. Em contraste, os movimentos sociais surgem e crescem organicamente a partir das experiências e princípios das pessoas. Eles geralmente começam com mudanças nos sistemas de crenças, que passam despercebidas até que um ponto crítico seja alcançado ou um evento desencadeie o movimento. Eles são fundamentalmente populares e visam a mudança sistêmica, incorporando autodeterminação, empoderamento e pessoas sendo protagonistas de sua própria mudança.

A maneira como nossas instituições reagem e respondem a essas formas de ação coletiva afeta o sucesso. É fundamental entender esses fenômenos sociais e encontrar maneiras de trabalhar lado a lado e estimulá-los, sem deturpá-los ou cooptá-los. É uma linha muito tênue. O UNICEF, por exemplo, precisa apoiar o ativismo jovem espontâneo sobre a mudança climática, pois esse movimento é fundamental para criar um ambiente no qual a mudança se torne possível, mas o processo deve permanecer conduzido pelos jovens.

 

Introdução aos movimentos sociais

Forças motrizes e voz

As causas subjacentes dos movimentos sociais são muitas vezes queixas ligadas a desigualdades, injustiças e diferenciais de poder. A mobilização visa desafiar instituições, sistemas ou regras sociais.

No cerne dos movimentos sociais está a ideia de expressão dos desprivilegiados. A participação e o engajamento são maneiras de as pessoas fazerem suas vozes serem ouvidas e trazerem suas próprias posições na sociedade e experiências de vida para a vanguarda do debate público.

Causa e evolução

As forças motrizes podem estar agindo por anos, mas muitas vezes há um evento que provoca a ação e a mudança. A chamada Primavera Árabe começou com um vendedor ambulante da Tunísia que ateou fogo em si mesmo. O movimento #MeToo começou com revelações sobre Harvey Weinstein, e Alyssa Milano popularizou a hashtag e o movimento subsequente. Rosa Parks ajudou a iniciar o movimento pelos direitos civis quando recusou ceder seu assento em um ônibus para um homem branco. Os tiroteios em Sharpeville foram um momento decisivo do movimento contra o apartheid.

Para evoluírem, os movimentos sociais também precisam de um conjunto de ações iniciais para mobilizar as pessoas, inspirar e disseminar a visão (por exemplo, veja este relatório da fundação Nestasobre movimentos sociais pela saúde). O que inclui mensagens eficazes, ação coletiva precoce e uso de líderes, membros e recursos iniciais para crescer.

Líderes

Os movimentos sociais podem ser conduzidos por protagonistas, tanto figuras existentes (como Mahatma Gandhi) quanto pessoas anteriormente anônimas que se tornaram influentes (como Greta Thunberg e Malala Yousafzai). Elas geralmente carregam histórias pessoais que as conectam ao movimento e se destacam no momento, aproveitando suas ações, habilidades e capacidade de persuadir outras pessoas a se juntarem ao movimento. O papel delas pode assumir várias formas e, como membros identificáveis dos movimentos, muitas vezes atuam como porta-vozes, formulando significados (“criação de sentido”), contando histórias, articulando demandas, representando, defendendo e negociando em nome de muitos. Esse tipo de liderança geralmente surge de forma orgânica, dada a natureza voluntária, dinâmica e autônoma desses esforços.

Redes e transbordamento

As redes sociais são a arquitetura e a matriz sobre as quais os movimentos sociais são construídos. A ação surge em grupos onde as pessoas estão interligadas e compartilham características, atividades e visões de mundo semelhantes. A informação e o engajamento se espalham quando esses grupos conseguem se conectar a outros (comunidades, grupos sociais etc.) por meio de uma ponte, estreitando os laços. Por meio desses mecanismos, os movimentos organizados existentes podem impulsionar a mobilização em massa, crescer e se fortalecer, o que chamamos de efeito transbordamento. A comunicação está no centro desse processo (consulte esta edição do Journal of Communicationdedicada às dimensões comunicativas dos movimentos sociais).

A rede de influências dentro e ao redor dos movimentos sociais é complexa e não se limita aos participantes diretos, muitas vezes envolvendo relações e interações formais e informais com instituições e diversos segmentos da sociedade.

Redes sociais

A natureza dos movimentos sociais evoluiu, à medida que a proliferação da internet proporcionou a possibilidade de superar os guardiões e a censura daqueles que controlam a mídia tradicional e o espaço de comunicação. A internet é usada para mobilizar membros do movimento e alcançar novos ativistas. Nos últimos anos, movimentos em vários países (como o Movimento Verde Iraniano) usaram o Facebook e o Twitter para organizar e divulgar informações sobre protestos, contornar regulamentações e restrições estatais, coordenar reuniões e petições e até mobilizar recursos. As redes sociais também têm sido usadas para chamar a atenção internacional para questões locais, como repressão e prisão de opositores políticos ou jornalistas.

Essa capacidade de se comunicar rapidamente com ferramentas digitais e superar limites geográficos e institucionais pode ajudar os esforços de mudança social a se espalharem rapidamente com menos controle das elites, criando movimentos on-line com maior potencial de propagação. A tecnologia também permite que cada cidadão capacitado se torne um criador ativo de conteúdo de comunicação, em vez de simplesmente um consumidor.

Local x global

Esses exemplos globais e nacionais nos ajudam a entender rapidamente o que são os movimentos sociais, mas processos de mudança social semelhantes estão acontecendo em bairros, comunidades e níveis subnacionais em todo o mundo. As pessoas mais afetadas por questões específicas estão se reunindo, organizando e agindo para mudar; buscando corrigir as desigualdades na governança local e nos investimentos; trabalhando pela diversidade étnica e de gênero entre os funcionários públicos eleitos; interrompendo a destruição de habitats locais frágeis; buscando melhorias nas escolas locais, sistemas de trânsito, habitação e condições de vida; buscando reverter as manifestações locais de discriminação; buscando provisões e padrões de saúde mais elevados; e muito mais. Esses esforços locais são essenciais para progredir em prol das metas de desenvolvimento local, nacional e global.

 

Princípios-chave

Movimentos sociais:

  • Surgem e crescem organicamente a partir das pessoas, suas experiências e princípios
  • Concentram-se em desafiar e mudar as normas, crenças, instituições ou sistemas existentes que as pessoas entendem que estão trabalhando contra seus interesses coletivos
  • Estimulam, unem e desenvolvem um conjunto diversificado de vozes e experiências por meio do diálogo e do networking
  • Estimulam, unem e desenvolvem um conjunto diversificado de ações coletivas vinculadas
  • Buscam criar e ampliar um conjunto de ações coletivas focado nas mudanças sociais e políticas que as pessoas engajadas no movimento consideram prioritárias

 

Qual é o papel das instituições de desenvolvimento?

Os movimentos sociais são uma das muitas maneiras pelas quais a mudança social pode acontecer. Aproximando-se dos níveis derivados, a linha entre um movimento social local e outros processos de mudança da comunidade se torna indistinta. Em ambos os casos, o sucesso depende do protagonismo coletivo das pessoas para a mudança que identificam, concordam e desejam.

A mudança social é um processo de longo prazo e as instituições de desenvolvimento não podem criar movimentos sociais. Porém, podemos trabalhar com parceiros para entender e estimular os movimentos existentes e fortalecer o papel que as próprias pessoas podem desempenhar e realmente desempenham na criação de uma sociedade melhor, aumentando o potencial para o surgimento de mais ações endógenas.

  • As organizações de desenvolvimento podem estimular a mudança social e os movimentos sociais fortalecendo os sistemas comunitários e da sociedade civil, instruindo e capacitando as partes interessadas locais para responder em nível local às necessidades de mudança: consulte essas ferramentas em redes comunitárias, capacitação de OSCs, sistemas de responsabilização e os princípios e ferramentas mais amplos de envolvimento comunitário.
  • As organizações de desenvolvimento também podem ajudar a expandir a rede daqueles que podem aderir ao movimento, mobilizando mais pessoas e apoiando coalizões em prol de um objetivo comum. Vozes, experiências, habilidades e apoiadores adicionais podem enriquecer o esforço e aumentar o potencial. Para ajudar a envolver as pessoas certas, consulte a ferramenta de mobilização social.
  • As instituições também podem aproveitar um amplo conjunto de estratégias para criar um alinhamento visível e proposital entre suas ações e os objetivos dos agentes sociais, deixando que o movimento em prol da mudança seja conduzido por ativistas. O que inclui abrir espaços para o diálogo e estimular o debate e as conversas públicas a fim de colocar questões no domínio público para consideração e ação e, por fim, mudança de política. Também, trata-se de influenciar o ambiente de comunicação e as indústrias de marketing e entretenimento para que não reforcem estereótipos negativos e sistemas de dominação. Consulte as ferramentas de campanha, parceria com a mídia, parceria com o setor privado e eduentretenimento, bem como a abordagem do ativismo de políticas públicas.
  • Sem roubar os holofotes dos movimentos de base, as organizações podem apoiar a elaboração de narrativas e mensagens atrativas que falem dos interesses e motivações de públicos específicos, a fim de criar um senso de urgência e ir além do escopo existente de um movimento. Consulte a ferramenta de narrativa para orientação técnica.

 

Objetivos

  • Promover um processo de engajamento de cidadãos, comunidades e organizações na mudança social
  • Promover conversas, diálogos e debates sobre questões-chave de desenvolvimento, do nível local ao nacional
  • Amplificar as vozes, análises e ideias dos mais afetados
  • Desempenhar um papel de apoio e valorização dos movimentos sociais emergentes
  • Ajudar a construir redes de pessoas com preocupações compartilhadas, inclusive conectando grupos e conjuntos para aumentar o poder coletivo
  • Oferecer informações precisas sobre os problemas de desenvolvimento e direitos em questão
  • Apoiar a mudança de políticas e sistemas

 

Quando os movimentos sociais não são a melhor abordagem

Embora apoiar as pessoas na reivindicação de seus direitos seja um objetivo claro para organizações humanitárias e de desenvolvimento como o UNICEF, é fundamental não colocar essas pessoas em perigo. Em muitos contextos no mundo inteiro, o ativismo pode levar a uma repressão dramática e, às vezes, mortal. É dever de instituições como o UNICEF buscar o cumprimento dos direitos, garantindo a segurança das pessoas e das comunidades. As organizações também precisam perguntar a si mesmas até que ponto seu apoio a certos movimentos sociais consegue reforçar linhas de tensão dentro da sociedade e entre grupos, aproximando as pessoas do perigo. A melhor forma de prever e evitar essas armadilhas é investir em análise profunda, compreensão e reflexão crítica sobre as sociedades e suas dinâmicas de poder.

A natureza popular de um movimento social não o torna positivo por padrão. O movimento White Power, o movimento antivacina, os movimentos contra os gays, em todo o mundo, e os muitos esforços de oposição aos migrantes, e outras minorias, compartilham todas as características dos movimentos sociais, mas vão contra a conquista de direitos e a busca por justiça social. Eles podem testar fortemente as instituições, exigindo que esclareçam seu posicionamento e adotem uma posição.

Finalmente, embora a internet e as redes sociais tenham permitido que mais movimentos se originassem on-line, a ausência de cooperação e ação coletiva na vida real ou a falta de líderes confiáveis capazes de representar e negociar em nome de um grupo pode significar que os esforços se chocam contra um muro e se dissolvem sem alcançar uma mudança tangível.

 

Estudos de caso e exemplos

 

Mais Informações

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